E o preto-velho fala alemão: espíritos transnacionais e o campo religioso na Alemanha

Autores/as

  • Joana BAHIA Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palabras clave:

campo religioso na Alemanha, imigração brasileira, transnacionalização das religiões afro-brasileiras, umbanda, candomblé, nova geografia transcendental

Resumen

O campo religioso alemão vem se transformando com os fluxos migratórios, a partir dos anos 1960, de turcos, africanos e demais populações árabes e, mais recentemente, a partir dos anos 1970 e 1980, com a emigração dos cubanos e brasileiros. Entre as religiões presentes na Alemanha nos últimos 10 anos, destacam- se os centros kardecistas, os terreiros de umbanda e candomblé e o santo-daime, todos fundados por brasileiros em Berlim, Hamburgo, Munique e demais cidades alemãs. Há também a presença da Igreja Universal do Reino de Deus e de outras denominações evangélicas. Este trabalho se baseia em levantamento bibliográfico, estatístico e de material produzido pelo Ministério das Relações Exteriores e nas entrevistas com os líderes religiosos de algumas dessas denominações religiosas. São analisadas, em especial, as religiões afro-brasileiras e de que modo elas se adaptam culturalmente ao contexto alemão, produzindo hibridismos e sincretismos, reavivando as práticas pagãs europeias e a maneira de pensar as construções identitárias resultantes desse processo.

Citas

<ul>
<li>Appadurai, Arjun (2004), Dimensões culturais da globalização: a modernidade sem peias, Teorema, Lisboa.
<li>Bahia, Joana (2012), “De Miguel Couto a Berlim: a presença do candomblé brasileiro em terras alemãs”, em: G.M.S. Pereira, J. Pereira, de Ribamar Sousa (org.), Migração e globalização: um olhar interdisciplinar, CRV, Curitiba.
<li>Bahia, Joana (2013), “As religiões afro-brasileiras em terras alemãs e suíças”, Working Paper ICS, Universidade de Lisboa, Lisboa, disponível em: http://www.ics.ul.pt/publicacoes/workingpapers/wp2013/wp2013_2.pdf (consultado em: 1.10.2014).
<li>Barth, F. (1997), “Grupos étnicos e suas fronteiras”, em: J. Poutignat, Streifffenart, Teorias da etnicidade: seguido de grupos étnicos e suas fronteiras, Unesp, São Paulo.
<li>Bosi, Alfredo (ed.), (2006), Estudos Avançados, no. 57, ago., USP, São Paulo. Buchholz, Kai; Latocha, Rita; Peckmann, Hilke; Wolbert, Klaus (2001), “Entwürfe zur Neugestaltung von Leben und Kunst um 1900”, em: Katalog zur Ausstellung, Institut Mathildenhöhe Darmstadt, Darmstadt.
<li>Capone, Stefania (2004), A busca da África no candomblé: tradição e poder no Brasil, Pallas, Rio de Janeiro.
<li>Capone, Stefania; Teisenhoffer, Viola (2002), “Devenir medium à Paris: aprentissage et adaptation rituels dans l’implantation d’un terreiro de candomblé en France”, Psychopathologie Africaine, vol. XXXI, no. 1, pp. 127-156.
<li>Castells, Manuel (1999), “The greening of the self: the environmental movement”, em: The Power of Identity, Blackwell, Oxford, pp. 113-133.
<li>Csordas, T. (2009), Transnational Transcendence: Essays on Religion and Globalization, University of California Press, California.
<li>Ferreux, Marie-Jeanne, (2000), Le new age: ritualités et mythologies contemporaines, L’Harmattan, Paris.
<li>Frigério, Alejandro (1999), “El futuro de las migraciones mágicas em Latinoamerica”, Ciências Sociais e Religião, RCS, ano 1, no. 1, pp. 51-88.
<li>Gruner-Domic, Sandra, (1996), Die Migration kubanischer Arbeitskräfte in die DDR 1978-1989, Humboldt-Universität (Magisterarbeit), Berlin.
<li>Halloy, Arnaud (2000), Dieux en exil: “adaptations” et apprentissage rituel dans un candomblé de caboclo en Belgique, Université libre de Bruxeles (mémoire de maîtrise), Bruxelles.
<li>Heelas, Paul (1993), “The New Age in Cultural Context: The Premodern, the Modern and the Postmodern”, Religion, vol. 23, no. 2, pp. 103-116.
<li>Jenkins, Richard (1997), Rethinking Ethnicity: Arguments and Explorations, Sage Publications, Londres.
<li>Kreszmeier, Astrid (2008), Systemische Naturtherapie, Carl-Auer Verlag, Heidelberg.
<li>Machado, Carlos; Sobreira, Ramón (2008), “Práticas religiosas afro-brasileiras, marco regulatório e uso do meio ambiente e do espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro”, em Revista Visões, 5. ed., vol. 1, no. 5, jul./dez., disponível em: http://www.fsma.edu.br/visoes/ed05/ed05_artigo_6.pdf (consultado em:. 1.10.2014).
<li>Machado, Igor Rennó (2010), Consumo, etnicidade e migração: reflexões sobre a economia étnica, 34o Encontro da Anpocs, Caxambu, mimeo.
<li>Melton, J. Gordon (1992), New thought and New Age in perspectives on the New Age, State University of New York, New York.
<li>Okamura, Jonathan (1981), “Situational ethnicity”, Ethnic and Racial Studies, vol. 4, no. 4.
<li>Oro, Ari (1998), As religiões afro-brasileiras: religiões de exportação, Trabalho apresentado no workshop “Afro american religions in transition”, International Conference of the Americanists, jul., Uppsala.
<li>Pais, José Machado; Cabral, Manuel Villaverde; Vala, Jorge (ed.), (2001), Atitudes sociais dos portugueses: religião e bioética, Imprensa de Ciências Sociais, Lisboa.
<li>Patarra, Neide Lopes (1987), “Migrações internacionais: teorias, políticas e movimentos sociais”, Estudos Avançados, vol. 1, no. 1, USP/Instituto de Estudos Avançados.
<li>Pordeus Jr., Ismael (2000), Uma casa luso-afro-portuguesa com certeza: emigrações e metamorfoses da umbanda em Portugal, Terceira Margem, São Paulo.
<li>Pordeus Jr., Ismael (2009), Portugal em transe. Transnacionalização das religiões afro-brasileiras: conversão e performances, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
<li>Reis, Rossana Rocha; Sales, Teresa (org.), (1999), Cenas do Brasil migrante, Boitempo, São Paulo, pp. 45-85.
<li>Rocha, C.; Vasquez, M. (org.), (2013), The Diaspora of Brazilian Religions, Brill, Leiden.
<li>Rossbach de Olmos, Lioba (2005), “Konfliktpotential und konfliktvermeidung. Tieropfer einer Religion in der Fremde”, em: L. Rossbach de Olmos; H. Drotbohm (org.), Afroamerikanische Kontroversen. Beiträge der Regionalgruppe “Afroamerika” auf der Tagung der Deutschen Gesellschaft für Völkerkunde in Halle (Saale), Förderverein “Völkerunde in Marburg”/Fachgebiet Völkerkunde, Curupira-Workshop, 10, Marburg, pp. 119-138.
<li>Rossbach de Olmos, Lioba (2009), “Santeria Abroad: The Short History of an Afro-Cuban Religion in Germany by Means of Biographies of Some of its Priests”, Anthropos, no. 104, pp. 483-497.
<li>Sales, Teresa, (1999), Brasileiros longe de casa, Cortez, São Paulo.
<li>Saraiva, Clara (2010), “Afro-brazilians Religions in Portugal: Bruxos, Priests and Pais de Santo”, Etnográfica, vol. 14, no. 2, pp. 265-285.
<li>Segato, Rita Laura (1997), “Formação de diversidade: nação e opções religiosas no contexto de globalização”, em: A. Oro, A.P. Steil (org.), Globalização e religião, Vozes, Petrópolis.
<li>Seyferth, Giralda (1981), “A problemática do nacionalismo alemão”, em: Nacionalismo e identidade étnica: a ideologia germanista e o grupo étnico teuto-brasileiro numa comunidade do Vale do Itajaí, Fundação Catarinense de Cultura, Florianópolis.
<li>Silva, Inga Scharf da (2014), “Naturgeschichte, Körpergedächtnis Erkundungen einer kulturanthropologischen Denkfigur. Konnex: Studien im Schnittbereich von Literatur, Kultur und Natur”, em: A. Bartl, H-J. Schott (org.), Trauma als Wissensarchiv. Ambivalenzen zwischen Kollektivem Bildgedächntnis und Verkörperungen am Beispiel der Caboclas und Caboclos in der Umbanda, Königshausen & Neumann, Deustchland, pp. 271-293.
<li>Souza, Ester Monteiro de (2010), Ekodidé: relações de gênero no contexto dos afoxés de culto nagô no Recife, dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
<li>Spliesgart, Roland (2011), “Brasilianische Religionen in Deutschland”, em Klöcker, Michael; Tworuschka, Udo (Org.), Handbuch der Religionen: Kirchen und andere Glaubensgemeinschaften in Deutschland, Ergänzungslieferung, Munique, vol. II, p. 27.
<li>Teisenhoffer, Viola (2007), “Umbanda, new age et psychothérapie: aspects de l’implantation de l’umbanda à Paris”, Ateliers du LESC, disponível em: http://ateliers.revues.org/872 (consultado em: 1.10.2014).
<li>Weber, Prina (2001), “The Limits of Cultural Hybridity on Ritual Monsters, Poetic Licence and Contested Postcolonial Purifications”, Journal of Royal Anthropological Institute, no. 7, pp. 133-152.
</ul>
<b>Fontes</b>
<ul>
<li>Ministério das Relações Exteriores, Brasília.
<li>II Conferência das Comunidades Brasileiras no Exterior. Carta da comunidade de brasileiros
<li>e brasileiras residentes na jurisdição de Berlim, out. 2009.
<li>ONU. Department of Economic and Social Affairs.
<li>Statistiche Jahrbuch, 2009.
<li>Statistiches Bundesamt 2001.
</ul>

Descargas

Publicado

2015-10-19

Número

Sección

Debate