Saboreando o néctar: Bem Viver e ontologia na prática do Movimento Hare Krishna no sul do Brasil
Palabras clave:
Movimento Hare Krishna, Bem Viver, ontologias múltiplas, Sociologia da Juventude, emoçõesResumen
Neste artigo indagamos o possível caráter político que reside no engajamento em práticas religiosas. Para isso buscamos compreender como o movimento Hare Krishna constitui uma ontologia própria que orienta a ação dos adeptos. O estudo foi realizado a partir de uma vivência de campo na rede de templos da ‘ISKCON Sul Yatra’ e da seleção de trechos de textos publicados na revista ‘Carta de Sankirtana’, produzida por integrantes do movimento. Nos inspiramos, ao analisar tais dados qualitativos, na concepção de ontologias políticas e na noção de ‘bem viver’, relacionando-as com a concepção nativa de ‘néctar’. Constatamos que são as principais atividades do movimento, a distribuição de livros e de alimentos, que implicam em engajamento coletivo na busca deste ‘néctar’. Identificamos, ainda, a característica juvenil como marcante do movimento Hare Krishna, pois a maioria de seus integrantes é constituída por jovens e o definimos, portanto, como coletivo juvenil. Concluímos, assim, que a ontologia do movimento Hare Krishna pode ser compreendida como política, pois exprime em si uma concepção de devir e, simultaneamente, provoca engajamento em atividades coletivas, baseado em sentimentos que são descritos, eles mesmos, como fatores de adesão.
Citas
Acosta, A. (2016). O bem viver: Uma oportunidade para imaginar outros mundos. Autonomia Literária; Elefante. https://doi.org/10.7476/9788578794880.0006
Carvalho, L. A. G. (2018) Hare Krishna: das origens à chegada e expansão no Brasil. Terceira Via.
Devi Dasi, V. V. (ed.). (2019a). Carta de Sankirtana, (120). http://cartadesankirtana.com.br/wp-content/uploads/2019/06/Maio.pdf
Devi Dasi, V. V. (ed.). (2019b). Carta de Sankirtana, (124). http://cartadesankirtana.com.br/wp-content/uploads/2019/10/Setembro.pdf
Devi Dasi, V. V. (ed.). (2019c). Carta de Sankirtana, (125). http://cartadesankirtana.com.br/wp-content/uploads/2019/11/Outubro.pdf
Didi-Huberman, G. (2016). Que emoção! Que emoção? Editora 24.
Duarte, R. (1998). Bhagavad Gita: Canção do Divino Mestre. Companhia das Letras.
Favret-Saada, J. (1977). Les mots, la mort, les sorts: La sorcellerie dans le bocage. Gallimard.
Garfinkel, H. (2006). Studios en etnometodología. Anthropos.
Goss, K. P., & Prudencio, K. (2004). O conceito de movimentos sociais revisitado. Revista EmTese, 2(1), 75–91.
Goldman, M. (2009) Histórias, devires e fetiches das religiões afro-brasileiras: ensaio de simetrização antropológica. Análise Social, 44(190), 105–137.
Gordon, C. (2014). Bem viver e propriedade: o problema da diferenciação entre os Xikrin-Mebêngôkre (Kayapó). Mana, 20(1), 95–124. https://doi.org/10.1590/S0104-93132014000100004
IBGE (2020). Panorama de Curitiba. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pr/curitiba/panorama
Jinkings, I., Doria, I., & Cleto, M. (eds.). (2016). Por que gritamos golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil. Boitempo.
Lei Nº 12.852, de 5 de agosto de 2013. Institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude – SINAJUVE. Brasil. Presidência da República. Casa Civil.
Mol, A. (1999) Ontological Politics. A Word and Some Questions. In J. Law & J. Hassard (ed.), Actor network theory and after (pp. 74–89). Blackwell Publishing. https://doi.org/10.1111/j.1467-954X.1999.tb03483.x
Prabhupada, A. C. B. S. (1979). Life comes from life. Bhaktivedanta Book Trust.
Reguillo, R. (2000) Culturas juveniles: Formas políticas del desencanto. Ayres Veintiuno.
Reguillo, R. (2003). Las culturas juveniles: um campo de estudio. Breve agenda para la discusión. Revista Brasileira de Educação, (23), 103–117. https://doi.org/10.1590/S1413-24782003000200008
Sallas, A. L. F. (2009). Cultura e sociabilidade na constituição dos imaginários juvenis latino-americanos. In XXVII Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. https://cdsa.aacademica.org/000-062/1810
Sallas, A. L. F., Duarte Villa, R., Silva Bêga, M. T., Bôde de Moraes, P. R., Amaral, C., Coelho de Andrade, C., Coelho Silva, S. L., Bittencourte Guimarães, P. R., & Waiselfisz, J. J. (1999). Os jovens de Curitiba: Esperanças e desencantos. Juventude, violência e cidadania. UNESCO.
Segato, R. (1992). Um Paradoxo do Relativismo: o discurso racional da Antropologia frente ao Sagrado. Religião e Sociedade, 16(1–2), 114–135.
Souza, I. M. de A. (2015). A Noção de Ontologias Múltiplas e suas Consequências Políticas. ILHA 17(2), 49–73. https://doi.org/10.5007/2175-8034.2015v17n2p49
Swami, D. (2019). Em busca da Índia Védica. Bhaktivedanta Book Trust.
Tambiah, S. J. (2018). Uma abordagem performativa do ritual. In S. J. Tambiah (ed.), Cultura, pensamento e ação social: Uma perspectiva antropológica (pp.134–182). Vozes.
Teles, J. E. (2016). Cosmologia e alteridade: nota etnográfica sobre os interstícios de uma específica situação de campo. Revista Nures, (32). https://revistas.pucsp.br/index.php/nures/article/view/28749
Theodor, I. (2015). Contexto e Estrutura da Bhagavad-Gita. In R. Sousa Silvestre & I. Theodor (eds.), Filosofia e Teologia da Bhagavad-Gita: Hinduísmo e Vaishnavismo de Caitanya (pp. 27–65). Juruá.
Tilly, C. (2006) Regimes and repertoires. University of Chicago Press. https://doi.org/10.7208/chicago/9780226803531.001.0001
Touraine, A. (2003). Poderemos viver juntos? Iguais e diferentes. Vozes.
Valera, L. (2015) A mística devocional como experiência estética: Um estudo do Bhaktirasamrta Sindhu (Tese de doutorado, Universidade Federal de Juiz de Fora). Repositório Institucional - UFJF. http://repositorio.ufjf.br:8080/jspui/bitstream/ufjf/178/1/luciovalera.pdf
Velho, O. (1998) O que a Religião pode fazer pelas Ciências Sociais? Religião e Sociedade, 19(1), 9–17.
Vidrio, S. (2016) El papel de las emociones en la conformación y consolidación de las redes y movimientos sociales. In: M. Ariza (ed), Emociones, afectos y Sociología Diálogos desde la investigacion social y la interdisciplinar (pp. 399-440). UNAM.
Viveiros de Castro, E. (2003). Manchester papers in Social Anthropology. http://abaete.wikia.com/wiki/(anthropology)_AND_(science)_(E._Viveiros_de_Castro)