Devoções marianas: tensões e conflitos no campo Religioso Sul Rio-Grandense (Brasil, 1950-1980)

Autores

  • Marta Rosa BORIN Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS/Brasil)

Palavras-chave:

catolicismo, poder, tensão, instituição

Resumo

Este estudo empírico analisa as tensões em torno da devoção à Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schöenstatt, a qual pode ser entendida como uma forma de resistir às mudanças propostas pelo Concílio Vaticano II no que tange a piedade popular. Essa devoção surgiu na Alemanha, em Schöenstatt, 1914, e se expande a vários países europeus. Nos anos de 1930 chega ao Brasil consolidando- se, em 1948, com a fundação do seu primeiro santuário na cidade de Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul. Através do protagonismo dos leigos esta devoção mariana foi difundida para outros estados brasileiros e também para outros países latino-americanos. Argumentamos que as tensões em torno desta devoção mariana estariam relacionadas, não somente à figura de seu fundador, o padre José Kentenich, como pretende a literatura eclesiástica, mas às pretensões da Igreja em alcançar um catolicismo mais esclarecido em matéria de fé e religião que coadunasse com o projeto de nação católica pretendido pelo Estado Varguista. Para tanto o clero dedicou especial atenção a outra invocação mariana, Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, com a qual pretendia combater o comunismo.

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Publicado

2015-10-19

Edição

Seção

Debate