Extensão rural em perspectiva sociológica

Autores

  • Márcia DA SILVA-MAZON Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil)

Palavras-chave:

acordo MEC-USAID, extensão rural, acordo TRIPS, sociologia econômica

Resumo

Focamos as instituições de ensino e extensão rural no Brasil como atores da construção da identidade social do agricultor introduzindo-o no espaço dos mercados como um empreendedor. A partir da perspectiva do caráter performativo da economia, confrontamos esta construção com a atuação dos EUA através do acordo MEC-USAID e o ponto de passagem de um modelo de relação Estado/mercado na lógica da hierarquia do keynesianismo para a lógica do mercado inaugurada pelo Consenso de Washington. O pós-guerra vislumbrou um acordó cognitivo em torno de um agricultor pensado como um empreendedor e a missão da agricultura era a de salvar os famintos. No início do século XXI predomina a lógica da financeirização que atinge o rural através da linguagem das commodities agrícolas. Destaca-se na paisagem rural um pequeno agricultor e é ele mesmo o faminto; a extensão rural assume um caráter assistencial.

Biografia do Autor

Márcia DA SILVA-MAZON, Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil)

Doutora em Sociologia Política,  Professora do Programa de Pós Graduação em Sociologia Política e do Departamento de Sociologia e Ciência Política na Universidade Federal de Santa Catarina. Coordenadora do Núcleo de Sociologia Econômica – NUSEC

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Publicado

2016-12-13

Edição

Seção

Articles