A Revolução dos generais: (Des)encontros dos movimentos sociais com o governo militar boliviano após o golpe de 1964
Palavras-chave:
América Latina, movimentos sociais, sindicalismo, Bolívia, Guerra FriaResumo
Este trabalho tem por objeto as relações entre o governo militar que se estabelece na Bolívia após 1964 e os movimentos sociais, em especial de trabalhadores das regiões mineiras e agrárias. A forma como setores radicalizados da indústria mineradora foram perseguidos contrasta com o alinhamento das forças armadas a organizações camponesas, a partir da garantia de uma redistribuição de terras na zona rural. Todavia, a correlação traçada pelos militares entre a efetivação da reforma agrária e o combate ao radicalismo popular resulta de uma inflexão com o arranjo original da reforma, produto do governo da Revolução Nacional de 1952. A maneira como os movimentos sociais, protagonistas do episódio, haviam passado a fazer parte dos cálculos políticos resultaria em um complexo, e contínuo, processo de negociação das identidades sociais vis-à-vis umas às outras. Enxergar esse objeto histórico a partir dessa chave relacional, em detrimento de uma redução do conflito social à conjuntura da Guerra Fria, permite abordar a articulação que os atores sociais fazem a respeito dos termos em que podem ser vistos e ouvidos no debate público.
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