Quando a morte encontra as línguas, elas estão vivas.
Palavras-chave:
línguas africanas, kimbundu, necropolítica, atitudes linguísticasResumo
Este artigo objetiva refletir sobre os atentados à vida das línguas africanas, que vivenciaram a colonização, por meio das atitudes linguísticas frente a elas no período colonial e na atualidade. Discutimos a metáfora de morte direcionada às línguas, utilizamo-nos do conceito de necropolítica aplicado à língua, discorremos sobre o direito de matar estendido às línguas africanas na sociedade colonial e, especificamente, refletimos sobre os atentados à vida das línguas, lançando um olhar para as atitudes linguísticas frente ao kimbundu, língua de Angola. Diante das análises, observamos duas atitudes linguísticas: a) Ausência de nomeação e especificação da língua a que pertence o vocabulário em kimbundu; e b) Tratamento diferenciado entre as línguas europeias e africanas. Consideramos que essas atitudes linguísticas são oriundas de discursos pertencentes à mesma formação discursiva colonial, e atentam contra a vida das línguas africanas ainda hoje. Observamos uma certa limitação do uso dessas línguas em relação às línguas de origem europeias. Consideramos que no âmbito da linguagem, a necropolítica na colônia era pautada pelo desejo de morte social das línguas africanas expresso por meio de leis que proibiam o seu uso. Hoje as ações necropolíticas também podem ser expressas pelas atitudes que buscam circunscrever as línguas africanas a espaços específicos, atribuindo menor valor social quando comparadas às línguas europeias. Apesar das diferentes ações necropolíticas vivenciadas desde o período colonial, as línguas africanas seguem vivas.
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