Identidade cultural e emigração: Origens de festividades religiosas da diáspora açoriana

Resumo

Descobertas pelos portugueses, no século XV, as Ilhas dos Açores, em pleno Atlântico Norte, acolheram sociedades que perpetuaram costumes, tradições e festividades introduzidas pelos povoadores. Não obstante, as condicionantes inerentes à história e à geografia contribuíram para a implementação de algumas especificidades, por vezes distintas de ilha para a ilha. Sendo o arquipélago uma placa giratória de mobilidade humana, não só foi povoado por reinóis e outros europeus, como foi ponto de partida de muitos fluxos emigratórios com destino ao Novo Mundo (as Américas). Assim, além dos poucos objetos pessoais, estes emigrantes levavam na bagagem, para os territórios de acolhimento, como o Brasil e, mais tarde, os EUA, manifestações da sua religiosidade e das suas vivências do quotidiano, ou seja, marcantes traços da sua identidade cultural que se foi consolidando e persistindo, até aos nossos dias, entre as comunidades da diáspora açoriana e os seus descendentes. A nossa abordagem procura explicar as origens de uma das mais relevantes manifestações identitárias açorianas entre as comunidades de emigrantes — as Festas em honra do Espírito Santo — partindo das práticas do presente, e antes disso, do conceito de identidade cultural, em particular associada às ilhas dos Açores.